Meninas do basquete mostram superação e alegria ao chegar nas Paraolimpíadas


Cadeirantes dão exemplo de superação e mostram como o basquete mudou a vida delas

01/08/2012 - 10:00 - Esportes
As jogadoras da Seleção Brasileira de Basquete sob cadeira de rodas dão uma aula de superação em quadra. A equipe é formada por nove paraenses e três paulistas, que representarão o Brasil nas Paraolimpíadas de Londres, entre o dia 29 de agosto e 9 de setembro.


As atletas, em entrevista ao Portal ORM, mostraram o quanto a vida delas mudou com o esporte. 'Melhorou tudo. Enxergamos que somos úteis, melhora a auto-estima, percebemos que não somos as 'coitadinhas', como acham, e que nossas limitações são iguais as de qualquer outra pessoa', disse a atleta paraense Cleonete de Nazaré Santos Reis.
Cleonete é a mais experiente da equipe, com 36 anos de idade, e contou quais as dificuldades que enfrentou no início da carreira. 'Tive hanseníase e meu problema deixou sequelas nas mãos, dificultando a condução da cadeira. A princípio pensei em desistir, mas minha força de vontade foi maior'.
A jogadora já ganhou várias competições, tanto nacionais quanto internacionais, que lhe deram a oportunidade de disputar medalhas em cerca de 20 países, como Estados Unidos, Canadá e México.

Já a jogadora paulista Geisa Rodrigues Vieira, de 19 anos, que sofreu um acidente de carro quando pequena, está no esporte desde os nove anos de idade. 'Pensei em desistir no início, não sabia conduzir a bola, tinha dificuldade, mas a família e os amigos incentivavam tanto que não desisti. Hoje o basquete é minha vida e não penso jamais em abandoná-lo', disse.
Geisa conheceu o esporte através de um fisioterapeuta da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e disse que, como isto mudou sua vida, passou a incentivar pessoas com os mesmos problemas à prática do esporte.
'O basquete me deu experiência, melhorou bastante minha auto-estima, ajudou a ver que não existe só eu no mundo e que não é porque sou deficiente que devo ficar trancada em casa. Hoje em dia tenho meu próprio dinheiro e isso ainda ajuda no meu inglês quando viajamos para campeonatos. Tento chamar outras meninas para participar, para crescer como eu cresci', disse Geisa.
O técnico, Wilson Caju, que está à frente da equipe brasileira há cerca de 10 anos, disse o quanto é gratificante comandar a seleção. 'Quando comecei, eu não acreditava no esporte paraolímpico. Mas quando competi pelo campeonato brasileiro, vi a chance de crescer dentro do esporte', confessou.

Com 40 anos de experiência junto ao basquete como treinador, Caju contou que existe uma facilidade maior em trabalhar com atletas do esporte adaptado. 'Dirigir uma equipe sem deficiência física é mais trabalhoso, pois existe muita vaidade. Ao contrário do time de cadeira de rodas. Eles se sentem iguais, há uma democracia e sempre tentam se ajudar', explicou.
Além disso, Caju ressaltou que o time também treina com a equipe masculina, sem diferenciações. 'Elas também são bastante acolhedoras. As três meninas de São Paulo chegaram há pouco tempo e se tratam como se fossem uma família', disse.
O time terá sua estreia nas Paraolimpíadas no dia 30 de agosto contra a seleção da Austrália.
Redação Portal ORM

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