Censo 2010

Censo 2010

Nickolas Marcon - sábado, 14 de agosto de 2010 - 12:48
Acabei de receber em casa a recenseadora do IBGE para fazer a coleta de informações do meu domicílio para o Censo 2010. Foi uma breve entrevista, durou menos de 10 minutos, com perguntas básicas sobre o domicílio, saneamento etc.  Ao final, perguntou sobre idade e renda dos moradores. E só.
Quando indaguei sobre perguntas para identificar particularidades das pessoas, sobretudo deficiência física, a resposta foi que essa pesquisa mais completa é feita em apenas 5% dos domicílios que são escolhidos aleatoriamente. Até aí tudo bem, pesquisa por amostragem é assim mesmo.
Mas… e se a amostragem tiver o azar de escolher poucos ou nenhum domicílio que tenha um deficiente físico? As informações mostrariam um universo de pessoas deficientes menor do que realmente é. No meu prédio, por exemplo, são mais de 200 apartamentos e tem apenas um (eu) cadeirante. Como eu não fui sorteado para a pesquisa completa, oficialmente não há nenhum. E se isso também acontecer nos outros 20 prédios da rua? Os dados do censo mostrarão um número menor de  pessoas com dificuldade de locomoção do que realmente existem. 
É obrigação legal do poder público garantir o direito de ir e vir. Mas também é obrigação fornecer educação, saúde, transporte etc. Assim, na hora de priorizar os investimentos públicos, questões como acessibilidade podem ficar em segundo plano, pois o número considerado de pessoas beneficiadas será menor do que a realidade.
Como o objetivo é visitar todos os domicílios do país, acho que o IBGE deveria ter montado uma pesquisa mais abrangente, orientando os recenseadores a captar mais informações quando identificassem casos particulares. Afinal, como esperar prioridade nos investimentos públicos se nem fazemos parte da estatística?

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