Viagem – cadeirante na casa dos outros


Christian Matsuy - segunda-feira, 11 de outubro de 2010 - 14:10

Feriado, a família quer viajar para a casa daquele parente no interior e você precisa ir junto, pois não tem ninguém para te ajudar no banho e outras coisas mais.
Alguns cadeirantes como eu, que têm um nível de comprometimento mais alto, não conseguem ficar sem a ajuda de alguém. Nesses casos, ou contrata-se um cuidador (o que não é barato) ou vai viajar junto!
Ir passar uns dias na casa de um parente, amigo ou agregado pode ser mais complicado do que se imagina. Por isso, é bom que você se programe.
Uma rápida pesquisa entre os autores do blog mostrou que não se tem o hábito de se hospedar na casa de alguém. A preferência pela estadia em um hotel foi unânime, mas sabemos que nem sempre é viável.
Essa programação vai depender do nível de dependência que cada um tem. No meu caso, que sou 99% dependente, preciso estar atento a vários detalhes, começando pela distância do lugar onde se vai. O máximo que aguento ficar são 2 horas no banco do carro. Passou disso, eu começo a suar horrores e o risco de eu “ganhar” uma escara é alto. Então, quando sei que a viagem vai ultrapassar 2 horas, coloco minha almofada da cadeira no assento do carro e está resolvido o problema.
Depois, tem que ver se haverá paradas no meio da viagem. Eu geralmente costumo parar, então isso altera toda a arrumação das bagagens no porta-malas do carro, pois é necessário que a cadeira desembarque de maneira ágil, sem ter que tirar o resto das malas do carro. Como em casa somos em 3 pessoas, minha cadeira vai sentadinha no banco traseiro, ocupando o espaço de um passageiro, mas fica super prático para fazer as paradas. As rodas vão no porta-malas mesmo, pois sempre cabem em algum lugar.
Se você não conhece a casa de quem vai te hospedar, é bom ligar e perguntar vários detalhes, pois sua viagem pode se transformar em um pesadelo. Largura de portas, dimensão do banheiro, se tem escadas/degraus… Enfim, tudo que pode te impedir de fazer alguma coisa. Um banheiro com banheira ou sem chuveirinho pode inviabilizar seu banho, ou tornar essa tarefa bem mais difícil que o habitual. De acordo com sua necessidade, pergunte até como é a cama, se o colchão é duro ou mole, se a cadeira entra no quarto (parece meio idiota isso, mas acontece com frequência). Já aconteceu da casa da pessoa não me atender e eu ter que me hospedar em um hotel. Paciência, às vezes isso acontece. Mas é claro que fica muito mais fácil conseguir um hotel se isso for planejado com antecedência. Sair à procura de um hotel na última hora é complicado.
Faça uma listinha de tudo que você necessita no seu dia a dia. (Uripen, material pra cateterismo, etc). Geralmente, essas coisas você não acha na farmácia da esquina, ainda mais em um feriado.
Depois de passar muito perrengue com com a cadeira de banho, eu comprei uma desmontável. Existem dois fabricantes aqui no Brasil que fabricam exatamente a mesma cadeira, que mesmo desmontada ocupa um espaço grande. Ainda por cima, a bolsa de transporte é vendida a parte! Quando eu não tinha uma cadeira dessas, era obrigado a despachar uma que tenho de reserva com bastante antecedência para o lugar de destino. Outra alternativa que já utilizei foi de alugar uma cadeira, o que também é bastante prático, mas dependendo do tamanho da cidade é provável que você não encontre cadeiras para aluguel. Não custa se informar com que mora no lugar para onde você vai.
cadeira de banho dobrável - bolsa vendida separadamente
Pode parecer exagero, mas dependendo de onde você for, leve também um kit reparo. O meu kit é composto de um joguinho simples de chaves que me permite desmontar a cadeira praticamente inteira, uma câmara de ar, uma bomba manual e espátulas para remoção de pneu. Você pode nem saber como se conserta um pneu furado, mas tendo tudo em mãos já facilita bastante. Também levo a uma capa da almofada de reserva.
Bom, passado tudo isso, você está pronto pra passar o feriadão fora da sua casa!
Fui! O churrasco me chama!

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