Cadeirantes: ônibus adaptados não facilitam a vida


Foto: Wildes Lima
Foto: Wildes Lima
Os cadeirantes passam muitas dificuldades nas ruas de Belém. Mesmo com vários coletivos adaptados às necessidades deles, o direito de ir e vir ainda esbarra na falta de conscientização das pessoas e do próprio poder público.
Um desses cadeirantes, Iremar Pereira da Rocha, de 49 anos, que é jogador de basquete, relata como pode ser difícil a vida de quem depende de outros. Em entrevista ao Diário Online, ele relata que, por mais que os novos ônibus adaptados às necessidades especiais tenham vindo para ajudar os deficientes, nem tudo melhorou.
“Muitos motoristas dos ônibus adaptados não param para os deficientes. E quando param, querem que os usuários dos coletivos nos ajudem a subir no ônibus, porque eles não sabem ou mão querem operar a máquina ou alegam que ela está com defeito”, denuncia.
Iremar, que é deficiente desde os três anos de idade, quando contraiu poliomielite, necessita andar de ônibus todos os dias, para se deslocar até a escola Jarbas Passarinho, na avenida 25 de Setembro, onde trabalha. Ele precisa de muita paciência até conseguir um veículo para chegar ao trabalho. “Pego o ônibus da linha Sacramenta-Nazaré todos os dias, mas tenho de esperar muito por um ônibus adaptado e no qual a máquina esteja ‘funcionando’. Nisso, perco quase uma hora ou até mais tempo, e, para não me atrasar para o trabalho, acabo embarcando nos ônibus convencionais mesmo”, relata ele.
Dentro dos coletivos, muitos passageiros também dificultam a vida dos cadeirantes. “Tem passageiros que ocupam o espaço destinado aos deficientes. Colocam caixas ou compras, e quando pedimos licença, nos olham de cara feia, e não saem do lugar”, diz Iremar.
Dificuldades também nas ruas
Nas ruas da capital, a situação também não em diferente. As ruas do Telégrafo, onde Iremar mora, são um exemplo dos problemas que estão por toda Belém. A maioria das calçadas estão desniveladas, e muitos carros não respeitam as poucas rampas para deficientes, estacionando na direção delas, o que impede os cadeirantes de conseguirem subir nas calçadas. “Na Praça Brasil, muitos carros estacionam em cima das rampas. Os flanelinhas que reparam os automóveis não estão nem aí, mandam os motoristas estacionarem onde eles querem”, afirma.
Irema Rocha diz que briga pelos seus direitos desde 1990, e já foi ao Ministério Público do Estado brigar pelo direito de ter ônibus adaptados. “Brigamos, fizemos protesto, mas parece que não adiantou nada”, conclui.
Fonte: Nayara Ferraz/Diário

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