Letreiros digitais confundem



Passageiros com problemas de visão são os que mais sofrem para identificar mensagens em ônibus da cidade


Edição de 07/01/2011
Alguns ônibus que circulam pela Região Metropolitana de Belém (RMB) já obedecem a determinação de ter letreiros digitais. A novidade, apesar de ser esteticamente mais atraente, tem confundido passageiros. Determinadas linhas exibem muitas informações diferentes, que mudam em poucos segundos. Quem tem problemas de visão enfrenta dificuldades para identificar as mensagens e a velocidade em que certos motoristas conduzem os veículos dificulta a tarefa.
O designer Jorge André da Silva, de 32 anos, escreveu uma carta a O LIBERAL questionando a eficiência dos letreiros digitais dos ônibus. Especialista no assunto, ele acredita que as fontes (formato das letras) e o tamanho dos caracteres nem sempre auxiliam. 'Esses letreiros confundem muito, pois o tamanho das letras às vezes é muito pequeno. E todas as fontes são na mesma proporção, então, nem dá para ler direito. Quem tem dificuldades em enxergar certamente tem problemas com esses letreiros', disse.
Na carta, Jorge André relata uma experiência que o surpreendeu quando estava numa parada de ônibus. Vários veículos do transporte alternativo passavam com as portas abertas e pessoas gritavam os trajetos e preços do serviço clandestino. Ele comentou com algumas pessoas na parada que aquela confusão incomodava, até ouvir dois depoimentos que o chocaram. 'Havia duas senhoras na parada. Uma era cega e disse que conseguia se locomover melhor porque ouvia nas vans qual era o trajeto. Outra era analfabeta e disse se sentir mais à vontade ao ouvir qual era a linha, pois era muito tímida para perguntar', relata.
A cabeleireira Maria Terezinha Fernandes, de 57 anos, é uma dessas pessoas que têm dificuldades em ver os caracteres exibidos nos letreiros digitais. De acordo com ela, as informações mudam muito rápido, mas o tamanho das letras é adequado. 'Por sorte as linhas que eu mais pego não têm esses letreiros, mas conheço muita gente que reclama. Eu tenho dificuldade. E nas paradas de vez em quando tem uma ou outra pessoa que pede ajuda para enxergar as letras', diz.
Por telefone, a assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) explicou que os letreiros de algumas empresas da RMB adotam um padrão de tecnologia do sul do País. Os novos ônibus são com essa tecnologia, mas isso não é obrigatório. Os detalhes técnicos seriam explicados por um representante do Setransbel, mas não possível realizar a entrevista. Também não foi possível comentar o assunto com a Companhia de Transportes do Município de Belém (Ctbel).

Fonte: Jornal Amazônia

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