Vereador se revolta com descaso aos deficientes em Guarujá



O vereador guarujaense Gilberto Benzi (PDT) se mostrou, esta semana, revoltado com o descaso denunciado em reportagem do Diário do Litoral, no último dia 13, dando conta de que o Programa Praia Acessível, desenvolvido pelo Governo do Estado, não estaria sendo aplicado na Cidade.
Guarujá recebeu cadeiras anfíbias para proporcionar o acesso de pessoas com necessidades especiais ou com limitações físicas ao mar. Porém, no feriado de Carnaval, a reportagem voltou a constatar que os equipamentos não vêm sendo disponibilizados, frustrando dezenas de pessoas.
“Nunca mais eu vi as cadeiras. Muitas pessoas vêm aqui no meu carrinho e pergunta. Acho isso uma sacanagem com quem vem de outra cidade sonhando em tomar banho de mar. Para alguns deficientes, essa oportunidade pode ocorrer uma vez na vida”, afirmou um ambulante.
Ontem, a rampa para deficientes ao lado do Shopping La Plage, que servia de acesso à praia e, no seu final, abrigava as cadeiras, estava sendo usada por todo mundo, menos pelos deficientes físicos.
Segundo Benzi, não é a primeira vez que a imprensa noticiou o descaso com o programa. Em dezembro de 2010, outro jornal também havia apontado falhas, sendo que, na época, a Prefeitura prometeu ampliar o programa para mais três praias: Astúrias, Enseada e Pernambuco.
O vereador lembra que, logo após a reportagem negativa, a Prefeitura de Guarujá lançou o programa numa solenidade que contou com a participação de várias autoridades. Porém, o que foi alardeado como momento histórico em termos de acessibilidade, se tornou frustração. “É quase nula a publicidade e a divulgação do programa, tanto na Praia das Pitangueiras, como também na propaganda oficial”, afirma o vereador.
Entre os questionamentos apontados por Benzi estão informações sobre a responsabilidade do programa na cidade; a quantidade de cadeiras que foram doadas; o número de pessoas atendidas, tanto em 2011 como em 2012, e se a prefeitura vem fazendo gestões buscando angariar voluntários para o programa. Quanto a esse último tema, Benzi reforça:
“Existem cidades que o programa funciona com excelência. Um exemplo é nossa vizinha Bertioga, onde a sociedade organizada, a exemplo do Rotary, Lions e Loja Maçônica, participa com voluntários, que são os facilitadores (pessoas treinadas que empurram as cadeiras). Por se tratar de algo humano, acho que esse é o caminho”, ponderou o vereador.

Acessibilidade zero
Conforme reportagem do último dia 13, a Praia das Pitangueiras é uma das praias mais frequentadas do Guarujá e da região. Mas nem todo mundo consegue aproveitar tanta beleza como deveria. Os deficientes físicos se limitam a ficar na areia, ou então, a ficar em casa, já que as cadeiras anfíbias destinadas a eles  não estão sendo usadas com tanta frequência. Mais precisamente, duas vezes.
A Prefeitura havia informado que o programa Praia Acessível, no Município, está passando por uma readequação e a previsão de operação era para a segunda quinzena de fevereiro. Porém, em pleno feriadão de Carnaval, os deficientes continuaram a sonhar com o mar.  
O secretário-adjunto da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marco Antônio Pellegrini, havia explicado que as prefeituras são responsáveis pelo funcionamento e pelas atividades para uso da cadeira anfíbia.
“Ao final de cada temporada, as cidades encaminham à secretaria um relatório informando como funcionou o programa e quantas pessoas utilizaram as cadeiras”, explica. O secretário afirmou ainda que a Prefeitura do Guarujá estaria trocando de equipe.

Outras Cidades
O programa Praia Acessível foi lançado em 2010 com o objetivo de oferecer equipamentos e tecnologia para que pessoas com deficiência possam usufruir da praia e do banho de mar com segurança. O Estado fornece as cadeiras e o município fica responsável pelas equipes de suporte do programa.
Em dezembro, mais 68 cadeiras foram cedidas aos municípios de Guarujá, Iguape, Cananéia, Mongaguá, Itanhaém, São Sebastião e Ubatuba, e somadas as 70 já distribuídas em Santos, Guarujá, Praia Grande, Bertioga, São Sebastião, Ilha Comprida e Ilhabela.
As prefeituras da Região Metropolitana da Baixada Santista foram procuradas para informar como o programa está seguindo em suas cidades.
A praia do Boqueirão, em Santos, é o ponto de acesso para deficientes físicos. Ao lado do canal 3 há uma plataforma de madeira usada como caminho para as cadeiras anfíbias. Ao contrário de Guarujá, o ponto é sinalizado e, segundo quiosqueiros do local, o programa é colocado em prática todos os fins de semana e feriados.
Em Itanhaém, dez cadeiras de rodas anfíbias garantirão o acesso das pessoas com deficiência à praia, mas precisamente na Praia do Sonho. Mas para iniciar o programa, a Prefeitura aguarda a liberação de recursos, para que seja realizada a licitação para a compra de tendas e esteiras de acesso até a água.
Já em Mongaguá, a Prefeitura respondeu que o projeto está em processo de implantação. As prefeituras de Bertioga e Praia Grande receberem cadeiras, mas não responderam até o fechamento desta edição.
As cidades de São Vicente e Peruíbe não receberam o projeto nesta temporada. A Prefeitura de São Vicente informou que pretende implantar projeto em parceria com o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (Comdef). Assim, poderá contar com pessoal especializado, material compatível e, mais importante, envolvimento do segmento que vai utilizar o serviço.
Em Peruíbe, a prefeita Milena Bargieri dá exemplo de responsabilidade. “Investimos em acessibilidade nas escolas e nos prédios públicos. Mas. infelizmente, não temos condições de manter o projeto na Cidade. Primeiro, queremos nos estruturar. Não adianta querer implantar o projeto só para dizer que a Cidade tem, se eu não tiver estrutura para isso”.

Comentários

Postagens mais visitadas